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“Boca pequena” e “mamilos róseos”: o padrão de beleza na época de Mona Lisa

Rodrigo Casarin

10/04/2018 10h10

Na semana passada falei aqui sobre o livro "Mona Lisa: A Mulher Por Trás do Quadro" (José Olympio), de Dianne Hales, que investiga a vida de Lisa Gherardini, a moça que teria servido de modelo para que Leonardo Da Vinci criasse sua obra-prima. Além dos pontos que já citei na resenha, um outro momento da obra me chamou atenção por se tratar de um assunto bastante em voga nos dias de hoje: os padrões de beleza.

Dianne conta que durante o Renascimento a feiura era vista como "reflexo do mal, pecado e inferioridade social", já a beleza era a "expressão visível da bondade interior" e servia para, como um feitiço, "atrair um homem para as qualidades mais profundas que existiam dentro do coração e do espírito de uma menina".

E como era o ideal de beleza feminina que o povo de Florença vislumbrava? "Uma testa lisa e serena, mais ampla do que alta, com um bom espaço entre os olhos (grandes e redondos, de preferência da cor negra e, se fosse de alguma outra cor, a melhor de todas era a azul). Uma face iluminada e clara, as bochechas redondas (seria perfeito se tivesse 'a glória de uma pequena pinta' nelas), a boca pequena, os lábios vermelhos. Um pescoço longo e alvo. As mãos carnudas e cremosas. Os seios firmes e redondos, com mamilos róseos. O torso esguio e estreito", registra a autora.

Nesse campo, é precioso e curioso um tratado popular da época resgatado por Dianne. Segundo o "documento", seria de bom grado se as moças tivessem essas 33 "perfeições típicas", que reproduzo aqui exatamente como estão listadas no livro:

Três longas: cabelos, mãos e pernas.
Três curtas: dentes, orelhas e seios.
Três largas: testa, peito e quadril.
Três estreitas: cintura, joelhos e "onde a natureza coloca tudo o que é doce".
Três grandes ("mas bem proporcionadas"): altura, braços e coxas.
Três finas: sobrancelhas, dedos, lábios.
Três redondas: pescoço, braços e…
Três pequenas: boca, queixo e pés.
Três brancas: dentes, garganta e mãos.
Três vermelhas: bochechas, lábios e mamilos.
Três negras: sobrancelhas, olhos e "aquilo que você já deve saber".

Porque gente ditando regras medonhas por aí está longe de ser algo exclusivo dos nossos tempos.

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.