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“Salvou minha vida”, “Me levou a Clarice”: fãs falam sobre Paula Pimenta

Rodrigo Casarin

26/09/2018 10h17

Bianca Martins, Helvio Caldeira e Andresa Vidal.

"Fazendo meu filme é o meu maior orgulho. Sei que a partir da série eu incentivei muita gente a gostar de ler. Dia após dia recebo e-mails e recados nas redes sociais de leitores me contando que não gostavam de ler, mas que depois de lerem meus livros se tornaram grandes fãs de literatura, que agora leem de tudo", disse Paula Pimenta na entrevista que concedeu ao blog sobre os dez anos de "Fazendo Meu Filme", série que já vendeu mais de 750 mil exemplares. E os depoimentos abaixo ajudam a dar uma noção do impacto que a escritora causa em seus fãs, que, segundo Denise de Sousa, bibliotecária da Escola Sesi Benjamin Guimarães, não param de surgir:

"Quando penso em Paula Pimenta penso também na grande quantidade de alunos que vem à biblioteca ávidos por essas obras. Fico impressionada com o fato dessa procura ser contínua, intensa e perpassar por todas as idades do público infantojuvenil. Em uma época que as mídias digitais estão no auge, temos que dar mérito ao autor que consegue realizar esse movimento".

Veja o que outras pessoas dizem:

"Salvou a minha vida"

"Conheci a Paula Pimenta no final de 2011. Estava enfrentando uma síndrome do pânico e um começo de depressão. Nem era muito fã de ler naquela época, mas então uma amiga me indicou o 'Fazendo Meu Filme', que seria um ótimo livro para eu me distrair e não ficar pensando em fazer besteira. Então meus pais acabaram comprando o primeiro livro e li ele inteiro em menos de um dia. Acabaram comprando os outros três, que terminei de ler em uma semana. Devorei. Essa história e seus personagens foram literalmente a minha salvação.

Eu estava muito mal, pensando tantas coisas ruins, e essa história me deu forças pra continuar e estar aqui hoje. Sempre digo que a Paula e sua história salvaram minha vida. E sem dúvida foi ela que me incentivou a amar a leitura, porque, depois de 'Fazendo Meu Filme', comecei a ler sem parar e hoje a leitura é minha maior paixão. Continuo lendo os livros dela e até brinco que, se ela escrever uma lista de supermercado, vou ler" – Bianca Martins, 25 anos, editora do blog Encontrei nas Entrelinhas.

Vinícius Bonafé.

Dane-se a capa rosa

"Conheci a série 'Fazendo Meu Filme em 2012', quando os livros começaram a aparecer em todos os blogs e canais literários da época, mas bastante tempo se passou até que eu decidisse comprar e ler o primeiro. Costumava ler na escola em qualquer tempo livre e tinha certeza de que, se aparecesse com um livro cor-de-rosa daquele, seria zoado até o fim do semestre. A solução, portanto, foi começar por 'Minha Vida Fora de Série', que tinha a capa verde-água com bolhas, bem mais máscula. Assim que me apaixonei por Priscila, não consegui mais aguentar. Precisava conhecer a Fani. Então corri para a livraria na semana seguinte e comprei os três primeiros 'Fazendo Me Filme' de uma vez só. Dane-se a cor da capa.

Os livros da Paula me apresentaram à literatura nacional, que antes eu costumava criticar sem conhecer. Quase todo o meio literário da época em que comecei a ler por prazer era dominado pela literatura juvenil internacional, e eu simplesmente seguia a onda. O que descobri depois de 'Minha Vida Fora de Série' e do primeiro 'Fazendo Meu Filme' foi que não há nada como se reconhecer na realidade de um livro, com os pensamentos e com a maneira de agir dos personagens" – Vinícius Bonafé, 18 anos.

De Paula Pimenta a Clarice Lispector

"A Paula teve uma importância muito grande na minha vida de leitor, pois foi como se ela tivesse plantado a sementinha que me fez seguir o universo dos livros. Antes de conhecer suas histórias, já havia lido grandes best-sellers como 'Harry Potter' e 'Crepúsculo'. Embora tais livros tivessem despertado minha atenção, foi com 'Fazendo meu Filme' que senti aquele frio gostoso na barriga enquanto lia. Era tudo muito simples, cotidiano, a mocinha parecia minhas amigas da escola. Foi maravilhoso poder me ver naqueles personagens na época, um outro tipo de prazer. Sabe a sensação de ser representado quase que como no próprio diário?

Acredito que os livros da Paula também foram o impulsionador para que eu desse mais chance à literatura nacional. Como muita gente da minha idade, eu tinha certas barreiras com esse tipo de leitura, pois a associava aos livros cansativos que éramos obrigados a ler na escola. Porém, depois dela, não parei mais. Logo em seguida, veio Martha Medeiros (por indicação da própria Paula), depois [Luis Fernando] Verissimo e Clarice [Lispector]. Prosseguir com leituras consideradas mais difíceis foi um caminho muito natural. O que antes era uma tentativa de conhecer nossas obras clássicas se estendeu para outras regiões: descobri a literatura clássica inglesa, por exemplo, e acabei me tornando um obcecado por nomes como [Jane] Austen, as irmãs Bronte e Virginia Woolf" – Helvio Caldeira, 21 anos.

Isabela de Souza.

Transição da infância à adolescência

"A Paula Pimenta e a série 'Fazendo Meu Filme' são realmente muito importantes para mim. Primeiro porque foi o primeiro livro juvenil com muitas páginas que eu li. A Fani me acompanhou na minha transição de criança para adolescente e me ensinou muito. Acho que hoje sou apaixonada por leitura graças aos livros da Paula. Além dos livros dela, procuro sempre uma leitura juvenil onde me identifico com o cotidiano dos personagens, seus romances, aventuras… Gosto muito da série 'Harry Potter'" – Isabela de Souza, 13 anos.

Sonho: trabalhar com livros

"O que me prendeu e me fez querer ler qualquer coisa da Paula foi a narrativa única que ela tem. Lembro de ficar presa no quarto por horas, não conseguia parar de ler, e quando tinha que parar para ir para a escola, por exemplo, passava o dia pensando no que iria acontecer nos próximos capítulos. Foi com a Paula que me apaixonei totalmente por livros, e desde então não passo mais de um dia sem ler nem que seja uma página de alguma história.

O sonho da Fani era ser cineasta e o meu passou a ser trabalhar com livros, e, quem sabe, chegar à editora da Paula Pimenta. Me esforcei muito, me formei em Jornalismo, fiz contatos, comecei um MBA em Book Publishing e consegui! Faz quatro anos que trabalho na editora Gutenberg, e atualmente tive a chance de editar o livro comemorativo de 10 anos de 'Fazendo meu Filme'. Mas mais do que isso, a Paula me fez enxergar uma chama que sempre esteve acesa em mim, mas que ficava escondida embaixo da mesa, sabe? Ser escritora no Brasil! Com ela percebi que a luta é grande, mas é possível, e é meu próximo objetivo profissional" – Andresa Vidal, 24 anos.

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.