O encontro de Mônica e Menino Maluquinho com Chupa-Cabra e ET de Varginha
No ano passado, quando li "MMMMM – Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica", livro ilustrado que reuniu personagens de Mauricio de Sousa e Ziraldo numa história elaborada por Manuel Filho, comentei como era bom rever amigos que não via há muito tempo. Falava de camaradas como Mônica e Maluquinho, claro, mas também de parceiros como Bocão, Cebolinha, Magali e Cascão. Ainda destaquei como o livro arrancou muitos sorrisos bobos deste nostálgico leitor.
No recém-lançado "5… 4… 3… 2… 1 – Mônica e Menino Maluquinho Perdidos no Espaço"(Melhoramentos/ Mauricio de Sousa Editora), segundo livro elaborado pelo trio de peso, não temos mais a surpresa de reencontrar os camaradinhas e ver uma aventura protagonizada por criaturas pensadas por dois dos criadores mais importantes da história deste país. O sorriso meio besta do leitor, no entanto, segue garantido.
Tanto Mauricio quanto Ziraldo fazem óbvias referências ao espaço em suas obras. Astronauta é um dos personagens secundários mais carismáticos do pai da Turma da Mônica. Já Ziraldo levava sua imaginação à Via Láctea muito antes de apresentar seu protagonista mais famoso, o garoto com uma panela na cabeça, que deu as caras aos leitores em 1980. No monumental "Flicts", de 1969, ano em que o homem pisou pela primeira vez na Lua, acompanhamos uma solitária cor que não consegue encontrar seu lugar no mundo. Após a melancólica jornada, ela acaba descobrindo que é a responsável pela bela coloração do satélite terrestre.
Quando veio ao Brasil, o astronauta Neil Armstrong, o primeiro humano a colocar os pés no almejado astro, se encontrou com Ziraldo e lhe deu um autógrafo no qual escreveu: "A Lua é Flicts". Há uma referência à passagem em "Mônica e Menino Maluquinho Perdidos no Espaço". Numa montanha, Lúcio fala sobre Armstrong para Maluquinho, recorda da famosa frase do astronauta – "Este é um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade" – e desperta a memória do colega, que responde: "Agora que você falou isso, lembrei que tenho um parente que tem um autógrafo dele".
A cena está logo no começo de um livro que mais uma vez reverencia a imaginação, agora apostando numa narrativa com um quê de terror para também enaltecer a generosidade. Mônica, Maluquinho, Chico Bento, Bocão e Astronauta partem para uma aventura espacial acompanhados de três improváveis criaturas: Chupa-Cabra, ET de Roswell – que teria aparecido nos Estados Unidos em 1947 – e ET de Varginha, o destaque do monstruoso trio.
Recordando dos tempos vividos na cidade mineira, o ET diz sentir falta de pão de queijo e também da literatura. "Lá, uma vez por mês, um grupo de pessoas se encontrava para fazer um negócio que eles chamavam de sarau. Eles liam poesia. E não é que eu fui gostando tanto que não aguentava esperar mais um mês inteiro para escutar poesia? Saí procurando pelas pessoas que participavam do tal sarau e constatei que eles também liam poesia em outros lugares. Sempre que era de noite, eu seguia pelas sombrar, mas, um dia, me distraí e fui flagrado por três meninas que me viram e começaram a gritar. Pronto, logo tinha um monte de gente tentando me rastrear, e nunca mais tive sossego".
Se em "Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica" tínhamos referências a obras como "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrol, e a óbvia "Montanha Mágica", de Thomas Mann, agora as menções explícitas ou implícitas são a clássicos como a poesia de Ricardo Reis, "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, e ao filme "ET – O Extraterrestre", dirigido por Steven Spielberg. Todos nomes grandiosos, bem como Mauricio e Ziraldo.
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