Topo

Procurando algo para ler? Indico cinco livros lançados há menos de um ano

Rodrigo Casarin

25/07/2019 07h00

Mel Duarte em foto de Renata Armelin.

"Querem Nos Calar – Poemas Para Serem Lidos em Voz Alta", organizado por Mel Duarte (Planeta) – oportunidade para conhecer 15 poetas de diferentes cantos do país que se destacam em competições de poesia falada, os slams. Organizado por Mel Duarte, um de nossos nomes mais fortes desse movimento, o volume conta com versos de gente como Bell Puã, Laura Conceição, Mariana Felix, Ryane Leão, Danielle Almeira e a incontornável Roberta Estrela D'Alva, dona de estrofes como esta, presente em "Dura Ação": "Mas sou forte, sou viga, sou aço/ Assim sei viver, é como me acho/ Seguro, controlo, retenho, não vou/ É o que reconheço, é o que tenho, o que sou".

"O Homem que Odiava Machado de Assis", de José Almeida Júnior (Faro) – segunda ficção histórica de José Almeida Júnior, que levou o Prêmio Sesc de Literatura de 2017 com "Última Hora" (Record). Agora o autor imagina uma rixa entre Machado de Assis e Pedro Junqueira, amigo de infância do nosso gênio, para criar uma narrativa profundamente influenciada por clássicos do próprio Machado – especialmente "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro". O autor constrói um bom panorama da sociedade brasileira e portuguesa na segunda metade do século 19. Recomendo prestar atenção principalmente nas questões relacionadas ao processo de abolição da escravatura.

"Todo Mundo Merece Morrer", de Clarissa Wolff (Verus) – tem angariado um bom tanto de fãs esse romance com pegada young adult de Clarissa Wolff. Nele, treze vidas se cruzam e acabam interligadas por um assassinato na linha verde do metrô de São Paulo. Apesar do encadeamento previsível da história e dos personagens um tanto planos, a obra vai bem ao tratar de dramas típicos de nossos dias. Destaque para a maneira como Clarice retrata a crueldade muitas vezes criminosa de adolescentes mimados.

"Previsão Para Ontem", de Henrique Rodrigues (Cousa) – autor que ataca em todas as frentes (romance, contos, infantojuvenis…), a poesia soa como habitat de Henrique Rodrigues. É muito bom este volume lançado no começo do ano e que reúne desde poemas com uma pegada sacana, passando por abraços feitos por palavras ("Passagem de Bicicleta", dedicado ao amigo Marcelo Moutinho, é belíssimo) até versos questionadores e politizados. "E assim, nesse caminho da distância,/ O mal reside em tudo que é alheio./ Feliz é quem se lança a esse inimigo,/ Desvenda-lhe, e oferece a outra face", escreve em "Empoderamento", talvez o poema mais corajoso do volume. Já em "O Bolso ou a Vida", versa: "o médio quer muito com o mito/ o mito quer média com o muito/ o médio quer média com o mito// o médio é mito, que é média/ o tudo que omito é o muito/ da média do mito que é nada".

"A Festa do Dragão Morto", de Santiago Nazarian (Melhoramentos) – para fechar a lista, um infantil. Não gosto desse papo de dragão morto, muito menos de festa para celebrar a aniquilação do bicho. Mas, para as minhas predileções, a coisa caminha bem nessa surpreendente história de Santiago Nazarian ilustrada por Rogério Coelho. Com uma boa dose de absurdo, diz muito sobre como o ser humano costuma se comportar e as consequências que isso pode trazer.

Você pode me acompanhar também pelo Twitter, pelo Facebook e pelo Instagram.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.