Documentário sobre Callado sairá no 2º semestre. Para diretora, Quarup norteou uma geração
Está previsto para o segundo semestre deste ano a estreia do documentário "Callado, Vestígios", de Emília Silveira, que também dirigiu "Setenta". Segundo a diretora, os cem anos que Callado completaria hoje foram decisivos para que decidisse se dedicar ao filme, projeto iniciado em 2016.
"A postura do Callado diante do Brasil na época da ditadura foi um dos grandes incentivos pra mim. Ele é um dos maiores escritores brasileiros e quando me deparei com a notícia de que ele faria cem anos caso estivesse vivo, procurei a Ana Arruda, a viúva do Callado, falei da minha ideia e ela achou ótimo. Como a Ana estava lançando a fotobiografia do escritor, já tinha uma parte da pesquisa levantada, o que também ajudou bastante".
CENTENÁRIO DE ANTONIO CALLADO: SUA OBRA É UMA FORMA DE CONHECER O BRASIL, AFIRMA VIÚVA DO AUTOR
Outro motivo que fez Emília abraçar a empreitada foi a profunda admiração que nutre pelo romance "Quarup", a obra-prima de Callado. "Esse livro norteou a minha geração, marcou muito minha pós-adolescência, principalmente por conta do Nando, o protagonista. Ele é um padre que cresce dentro do rigor católico dos anos 60, mas em uma Igreja que já tinha uma forte tendência para a esquerda. Quando o personagem sai em busca do centro do Brasil, encontra não só os índios que lá habitavam e a vida natural, mas também o sexo e passa perto das drogas. Ele vive, enfim, como qualquer ser humano".
As filmagens de "Callado, Vestígios" já chegaram ao fim e agora Emília cuida da edição e finalização do documentário. Dentre as pessoas que ajudarão a remontar a vida do escritor estão familiares, colegas jornalistas como Carlos Heitor Cony e a dupla responsável pela última entrevista do autor, publicada pouco antes de sua morte: Matinas Suziki e Maurício Stycer, além de alguns críticos literários. "A opção foi ouvir mais as pessoas de dentro do universo do Callado, que conheceram ele de perto, trabalharam com ele e que podem falar sobre sua obra", justifica a diretora. O filme contará também com algumas dramatizações nas quais o ator Carlos Gregório interpretará o homenageado.
Em 2007 o diretor José Joffily já tinha feito um documentário sobre o autor: "A Paixão Segundo Callado".
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