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Prometeu (de novo) virar um leitor no novo ano? Tenho cinco dicas para você

Rodrigo Casarin

02/01/2020 07h00

Van Gogh.

O ano virou e você prometeu maneirar na comida, beber bem menos e praticar exercícios físicos. Tudo bem, todos gostamos de nos enganar, também vivo dando dessas (principalmente na parte de comer menos).

Alguns outros desejos também passam pela cabeça de muita gente nessa época: parar procrastinar, passar mais tempo com a família, voltar a estudar, se dedicar mais à leitura ou até mesmo começar a ler…. Nesse último ponto eu tenho dicas que podem ajudar.

A inicial beira a grosseria. Já falei disso outras vezes por aqui, mas sempre preciso repetir. O que você precisa para ler? Sentar a bunda no sofá ou na cadeira, pegar um livro e ler. É o básico. Sim, de repente você pode tomar gosto pela leitura enquanto se chacoalha no ônibus, fica parado no farol ou aguenta alguém ouvindo música alta no celular dentro do trem, mas, acredite, se ler não é um hábito, será mais difícil desenvolvê-lo em situações adversas. E lembre-se: estamos falando de leitura, então não vale apelar para audiolivro (que também tem o seu valor).

Bunda confortavelmente acomodada, hora de escolher o que ler. Sabe os clássicos? James Joyce, Borges, Dostoiévski, Machadão, Graciliano, Clarice, Cervantes, Virginia Woolf… Podem ser uma boa. Sabe esses autores que fazem um sucesso estrondoso hoje em dia? E. L. James, Paulo Coelho, Murakami, Jojo Moyes… Podem ser uma boa também. Outras trocentas linhas também são válidas. O importante é encontrar o que você gosta de ler para que o hábito se desenvolva. É necessário que você sempre coloque seu gosto na berlinda, mas isso num segundo momento. Foque, primeiro, em entender que a leitura pode ser divertida e prazerosa. Ah, e não tenha medo de arremessar um livro longe se achá-lo enfadonho; ninguém é obrigado a se torturar a cada página (exceto em leituras profissionais, claro).

Bunda acomodada, livro que curte em mãos. Beleza! Começa a leitura ali pela página sete, vira e tals. Passa 20 minutos e você ainda está na 18. O livro tem 320. Calma! O importante é achar seu ritmo. A atividade é para ser, acima de tudo, um prazer, não um martírio. Não precisa ler um livro a cada dois dias. Se não lia nada até ontem, tente encarar um ou dois por mês que já está de bom tamanho. Encontre seu tempo. Só é importante não parar. Tente nunca passar mais do que um dia sem dar atenção ao livro da vez – ou a algum dos livros da vez, caso queira abrir diversas frentes de leitura, o que também não é problema.

Tá, mas demorar um mês para finalizar a primeira leitura pode te dar a impressão de que as coisas não estão andando. Entendo. Se isso passar pela sua cabeça, que tal apostar em livros curtos? "A Metamorfose", de Franz Kafka, "Bonsai", de Alejandro Zambra, "Crônicas Para Ler em Qualquer Lugar", de Xico Sá, Maria Ribeiro e Gregório Duvivier, "A Revolução dos Bichos", do Orwell, "Ponciá Vicêncio", da Conceição Evaristo, "O Estrangeiro", do Camus… São muitos os livros que você pode encarar em poucos dias para depois olhar no espelho e pensar "pô, ando lendo pra caramba!" – questionemos o lastro de tal autobajulação em um momento mais oportuno.

Finalmente, leia sobre livros, assista a programas sobre livros, escute podcasts sobre livros, converse sobre livros… É possível formar um repertório sobre esse universo se apoiando também em experiências compartilhadas por outras pessoas. Aproveite para fazer uma lista com tudo aquilo que lhe parece interessante e que você deseja ler. Nunca deixe de alimentar essa lista. Fique tranquilo, você vai morrer sem ter lido nem um terço dela, provavelmente, mas terá sempre a oportunidade de vislumbrar e namorar as próximas leituras, algo fundamental para que você nunca mais deixe de ler.

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.