Após sucesso de série, vendas de livros do guru Osho disparam no Brasil
Rodrigo Casarin
13/07/2018 10h32
Isis Valverde postou uma frase atribuída a ele em seu Instagram. Bruna Lombardi diz ter ficado impressionadíssima quando conheceu algumas de suas técnicas de meditação e chegou até a prefaciar a edição brasileira de "O Livro dos Segredos" (Editora Ícone). Segundo Cleo Pires, um de seus livros, lido ainda na adolescência, mudou sua vida. Se as ideias do guru indiano Osho já fizeram algum sucesso por aqui há anos ou décadas atrás, agora seus preceitos estão novamente na moda.
Personagem central de "Wild Wild Country", série documental da Netflix de grande sucesso no Brasil, Osho angariou multidões de seguidores pelo mundo e chegou a ser apontado como uma das personalidades mais influentes do século 20. Professor de filosofia, contrariava as religiões tradicionais e propunha a busca pela liberdade por meio da meditação.
Ideias como a liberdade sexual e a vida em comunidade encontraram campo fértil a partir dos anos 1970 e pessoas de todo o mundo passaram a se agrupar para viver seguindo seus preceitos – foi o que aconteceu em Rajneeshpuram, nos Estados Unidos, que está no foco do seriado citado; falei mais sobre "Wild Wild Country" aqui. Confabulando e pregando sobre os mais diversos temas (desde seitas milenares até a importância da coragem), suas palavras foram coletadas por seguidores e transformadas em livros – são mais de 600 os títulos atribuídos ao líder espiritual de barba vasta, sorriso sereno e olhar misterioso.
A nova onda de interesse por Osho, que morreu em 1990, fez com que as vendas de suas obras tivesse um crescimento relevante no Brasil nos últimos meses. Trabalhando com livros do guru desde 1974 e tendo quase 30 títulos do líder em seu catálogo ativo, como "A Essência do Amor" e "Os Upanishads – A Essência de Seus Ensinamentos", a Cultrix aponta que o indiano sempre foi um autor de destaque entre seus best-sellers e, após a série da Netflix, notou um crescimento nas vendas de seus trabalhos com relação ao mesmo período do ano passado.
Duas outras casas abrem alguns números e dão uma ideia do quanto foi esse crescimento. Detentora de obras como "O Livro do Ego" e "Meditação Para Ocupados", a Best Seller colheu um aumento superior a 20% nos títulos do autor após a estreia do seriado. "Os livros de Osho que publicamos sempre venderam bem, mas com 'Wild Wild Country' no Brasil os números cresceram entre 20% e 30% nas últimas semanas e já estamos preparando novas edições", diz Bruno Zolotar, diretor de marketing e comunicação do Grupo Record, do qual a Best Seller faz parte.
Já a Sextante, editora de "Aprenda a Silenciar a Mente", diagnosticou uma curva ascendente ainda maior. "Nós já havíamos notado um crescimento nas vendas desde o ano passado, especialmente por ser um livro de catálogo. Comparando períodos, podemos dizer que há um impacto recente sim, um aumento de 50% nas vendas deste livro", conta o editor Tomás da Veiga Pereira.
Voltando a Bruno, o diretor do Grupo Record afirma que hoje uma série de sucesso é um importante elemento no comércio de livros no Brasil. "Hoje a Netflix é um dos fatores de maior influência nas vendas de livros no país. Muitas vezes até mais que o cinema. Isso também aconteceu com os livros do Tony Robbins quando começaram a exibir o documentário 'Eu Não Sou o Seu Guru'".
Bruno também lembra que o momento do país cria um cenário favorável a livros como os do guru indiano. "É preciso ainda destacar que, com a crise, o Brasil vive um novo boom da autoajuda desde o ano passado, com as pessoas procurando livros que dão certo conforto espiritual ou emocional, um propósito… Como é o caso de Osho e seus títulos. A série, por mais que às vezes seja controversa, despertou a atenção dos leitores para suas ideias".
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Sobre o autor
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.
Sobre o blog
O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.