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Beyoncé, Merkel, Safo… livro traz mulheres singulares para garotas rebeldes

Rodrigo Casarin

03/04/2018 10h39

Marta por Annalisa Ventura.

"Safo escreveu sobre o intenso laço emocional entre garotas e mulheres jovens. Na Grécia antiga, mulheres casadas não conseguiam ter amizades muito próximas como as que tinham na escola; em vez disso, passavam a maior parte do tempo confinadas nas casas dos maridos. Os poemas de Safo celebravam as relações cheias de amor entre as garotas, para lembrar as mulheres mais velhas das amizades que tinham na sua juventude. Os grandes escritores e pensadores da época elogiavam seu trabalho e ela inspirou muitos outros. Ela até criou um novo estilo de poesia chamada de estrofe sáfica.

[…]

A poesia de Safo é tão romântica que, por milhares de anos, em todo o mundo, simbolizou o amor das mulheres. E é por isso que mulheres que amam outras mulheres são chamadas de lésbicas, em uma referência à linda ilha grega onde Safo viveu".

É dessa forma que as italianas Elena Favilli, jornalista, e Francesca Cavallo, escritora e diretora teatral, apresentam a poeta Safo, que viveu em Lesbos entre 610 e 570 a.C., no segundo volume de "Histórias de Ninar Garotas Rebeldes". A obra, que chega no Brasil pela V&R Editores, é a continuação do best-seller infantojuvenil publicado em 2016 (traduzido para mais de 30 idiomas, vendeu cerca de 1 milhão de exemplares) que narra de forma resumida a trajetória de 100 mulheres que fizeram história (falei a respeito aqui).

Safo por Eleni Kalorkoti.

Além de Safo, nesse segundo volume aparecem mulheres como as cantoras Beyoncé e Madona, a chanceler alemã Angela Merkel, as escritoras Chimamanda Ngozi Adichie e J. K. Rowling, a pirata Anne Bonny, a espiã Mata Hari e as "revolucionárias" Pauline Léon, Qiu Jin e Anita Garibaldi. "Anita acreditava na democracia, então, embora soubesse das dificuldades de vencer o poderoso exército imperial, juntou-se à luta", escrevem as autoras sobre a guerreira que participou da participou da Revolução Farroupilha. "Seu nome veio a simbolizar liberdade e coragem em todo o mundo", completam. Outra brasileira presente no segundo volume de "Histórias de Ninar Garotas Rebeldes" é a jogadora de futebol Marta, apontada como a "Rainha do Futebol".

Também fazem parte da obra nomes menos conhecidos do grande público, como a geóloga Marie Tharp (ela provou que um dia os continentes já estiveram unidos), a relojoeira Corrie Ten Boom (que ajudou a salvar centenas de judeus durante a Segunda Guerra Mundial) e professora de zoologia Temple Grandin, referência na luta para que animais tenham um tratamento mais digno. Todas as cem mulheres apresentadas são retratadas por desenhos feitos por um time com dezenas de ilustradoras.

Beyoncé por Eline Van Dam.

"Quando exploramos o talento de toda uma população – em vez de somente metade dela -, abrem-se possibilidades infinitas. Quando nos enxergamos pelo que somos de verdade, livres de esteriótipos nocivos, fazemos progressos efetivos. Quando reconhecemos a opressão e atuamos ativamente para acabar com ela, todos nos fortalecemos", cravam Elena e Francesca na introdução da obra.

No mesmo texto, dão o tom exato do que pretendem com o título: "Ao deitar a cabeça no travesseiro depois de ler uma ou três destas histórias – seja depois de um dia exaustivo de brincadeiras ou de um longo dia de trabalho, esteja na Cidade do Cabo ou em Aotearoa, quer alguém tenha lido a história para vocês, quer vocês mesmas tenham lido -, saiba que vocês acabaram de sentar ao redor da fogueira junto com centenas de milhares de companheiros e companheiras rebeldes que também estão em uma jornada".

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.