Raras, primeiras edições de “Os Sertões” e “Vidas Secas” vão a leilão em SP
Rodrigo Casarin
27/09/2016 10h37
Um dos raríssimos volumes ainda existentes da primeira edição desse clássico da literatura brasileira irá a leilão entre hoje, dia 27, e quinta, dia 29, em São Paulo, acompanhado por outras edições da mesma obra. "O Euclides da Cunha financiou essa primeira edição com um conto e quinhentos mil réis. Tal importância era exorbitante para o autor e talvez representasse duas vezes seu ordenado", diz o leiloeiro Luiz Fernando Dutra. Demonstrando quão peculiar é o objeto que será levado à venda e indicando a preocupação do escritor com os erros que passaram despercebidos, Dutra conta que "este exemplar demonstra bem a precariedade da época, já que contém correções feitas a canivete pelo próprio autor".
"'Vidas Secas' tem capa de Santa Rosa e 'Grande Sertão: Veredas' tem capa de Poty [dois dos capistas mais importantes da história do mercado editorial nacional]. Ambos conservam a capa original da brochura", aponta Dutra sobre os dois volumes. As obras, publicadas pela José Olympio, pertencem à mesma pessoa, um bibliófilo cujo nome não foi revelado, mas que resolveu passar as preciosidades adiante.
No leilão, outras peças de artistas famosos poderão ser compradas pelo público, como as primeiras edições autografadas de "Criança Meu Amor…", de Cecília Meireles" (lançado em 1924), e Poesias", de Mário de Andrade (1941). Haverá ainda pinturas de Anita Malfatti, Carlos Vergara e Di Cavalcanti, dentre outros, e esculturas de Abraham Palatnik. Promovido pela Dutra Leilões, o preço inicial de diversas peças será de R$1500 (ainda que não revelem exatamente quanto, o preço de partida de algumas é maior, vale alertar).
Sobre o autor
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.
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O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.