Em Paris para participar da programação brasileira do Salão do Livro, o quadrinista Marcello Quintanilha, que está lançando a graphic novel "Talco de Vidro" pela editora Veneta, bateu um papo com o UOL enquanto concedia dedicatórias ilustradas aos seus fãs.

Um recorte da história de Rosângela, uma dentista que tem ciúmes de sua prima e problemas na relação com seu marido, é que conduz a obra. "Ela trata diretamente sobre a inveja, algo delicado e por isso mesmo fascinante. Além disso, mostra o quanto as pessoas podem trabalhar para enganar a si mesmas. Para se mostrar de uma forma que não são, podem transformar a realidade da maneira mais brutal possível", explicou o autor.

Como "Tungstênio", sua obra anterior e de grande sucesso, "Talco de Vidro" também é toda em preto e branco, contudo, diferente daquela, apresenta ilustrações com poucos traços. "São desenhos mais sugestivos, com manchas de sombra, porque a história é assim, quase nada é dito muito explicitamente".

Quintanilha mora em Barcelona há 13 anos e diz que quadrinistas brasileiros estão conquistando seu espaço no exterior, principalmente junto ao público já interessado em Hqs. Ele próprio, que já foi publicado em ao menos dez países, comemora as críticas positivas que vem recebendo na França por conta de "Mes Chers Samedis".

Também acompanhando o mercado nacional, acredita que seria interessante se os brasileiros se preocupassem mais com a formação e ampliação de seu público. Ainda destacou o trabalho de André Toral como alguém que merece mais atenção e indiciou três autores estrangeiros que editores brasileiros deveriam levar para o Brasil: os franceses David Prudhomme e François Schuiten e a israelense Rutu Modan.

Em Paris, para a cobertura do Salão do Livro, Rodrigo Casarin está hospedado a convite da rede Accor.