Já pensou em morar numa livraria? Em Paris isso é possível
Rodrigo Casarin
20/03/2015 22h00
Mas não é esse o fim da história. Após a guerra, George Whitman, amigo de Sylvia e então proprietário da livraria Le Mistral, resolveu rebatizar o seu negócio, que, claro, passaria a se chamar Shakespeare and Company. Com isso, o endereço mudou – ficou alguns quarteirões mais próximo ao rio Sena, tendo a Catedral de Notre-Dame como vizinha de frente -, entretanto, a proposta continuou a mesma: mais do que um comércio de livros, o lugar é uma espécie de retiro para o fomento da arte feita com palavras. Escritores sem dinheiro podem se hospedar por lá gratuitamente, desde que trabalhem duas horas por dia na loja, ajudem em possíveis eventos e deem o fora em, no máximo, uma semana.
Com passagens estreitas, teto rústico, distribuição um tanto desordenada e pessoas se acotovelando, a impressão é que se está mesmo em um ambiente de alguma época passada. No andar superior, um quarto é ocupado por duas pequenas camas e um piano, além de mais livros, evidentemente. De frente para escada, um cubículo abriga uma cadeira velha e uma máquina de escrever. Num ambiente maior, um gato dormia em um sofá, enquanto um homem, com óculos e bigode que lembravam os de Joyce, fazendo de seu blazer cobertor, dormia em uma poltrona. Peculiar, no mínimo.
Se alguém quiser saber mais sobre a Shakespeare and Company, uma boa pedida é a obra "Um Livro Por Dia", de Jeremy Mercer, escritor que passou uma temporada na livraria.
Em Paris, para a cobertura do Salão do Livro, Rodrigo Casarin está hospedado a convite da rede Accor.
Sobre o autor
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.
Sobre o blog
O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.