E nessa loucura… Livraria indica livros de acordo com versos de Evidências
Primeiro enviaram um exemplar cortado pela metade de "A Metamorfose", clássico de Franz Kafka, ao ministro da Educação Abraham Weintraub em referência aos cortes de verba feitos pela sua pasta e à confusão que o político fez entre o escritor tcheco e a kafta, iguaria árabe. Depois, ofereceram um ano de livros sobre direito grátis ao ministro da Justiça Sérgio Moro e ao procurador da República Deltan Dallagnol por conta das denúncias da Vaza Jato. Agora, a livraria carioca Leonardo Da Vinci volta a fazer bastante barulho nas redes sociais.
Desta vez, no entanto, afastaram-se da política e acenaram para um clássico da música brasileira: "Evidências", canção de José Augusto e Paulo Sérgio Valle eternizada nas vozes de Chitãozinho & Xororó. Os livreiros aproveitaram o trecho mais famoso da letra para sugerir no Instagram livros que se relacionam com alguns dos versos. Vejam só:
"E nessa loucura" acompanha a novela de Machado de Assis justamente sobre a loucura. Machadão reaparece logo na sequência com o clássico "Dom Casmurro", um exemplo de negar aparências e disfarças evidências. "Viver fingindo" só poderia mesmo ser com Fernando Pessoa e seus heterônimos. Não poder enganar o coração e ter consciência do amor caem bem (e de maneira menos melosa do que na música), respectivamente, para Guimarães Rosa e Shakespeare. Bem como o pedido pelo fim das mentiras e da negação do desejo são pertinentemente vinculados a "Madame Bovary", de Flaubert, e "O Conto da Aia", de Margaret Atwood, no que talvez seja a referência mais politizada da sequência. A paixão segundo García Márquez e a tragédia que o leitor acompanha em "Fausto", de Goethe, escoram versos "Eu te quero mais que tudo, eu preciso do seu beijo/ Eu entrego a minha vida pra você fazer o que quiser de mim".
Sei que você já está aí cantando: "Só quero ouvir você dizer que 'sim"'. Mas sacou a opção dos livreiros por colocar "Bartebly, O Escrivão – Uma História de Wall Street", de Herman Melville, para acompanhar esse momento tão intenso? Não? Pois leia a história de Bartebly e veja que o bordão do personagem, um escrivão em aparente processo de inanição, é "eu preferia não fazer" (ou variações do tipo, a depender da tradução). A frase, para desespero do chefe de Bartebly e de outras pessoas ao seu redor, se repete em diversas situações ao longo da narrativa. Para algum pedido, todos adorariam ouvir Bartebly dizer que "sim".
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