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Monge assassino é um dos maiores ladrões de livros da história; veja outros

Rodrigo Casarin

19/10/2017 09h37

"São Jerônimo que Escreve", de Caravaggio. Com certeza muitos ladrões se interessariam por um manuscrito desses.

Há duas semanas, uma matéria publicada aqui no Uol chamou a atenção de muita gente. Tratava-se do perfil de Laéssio Rodrigues de Oliveira, menino pobre que, apaixonado por Carmen Miranda, se transformou em um dos maiores ladrões de livros do país. Evidentemente, Laéssio não é o primeiro mão leve do tipo na história da humanidade. Veja aqui outros quatro larápios que se tornaram conhecidos por roubar livros:

O maior ladrão de livros dos Estados Unidos: John Gilkey se tornou um dos mais famosos ladrões de obras raras dos últimos tempos. Seu desejo era ser um respeitado colecionador de livros e apostou nos golpes em livrarias e sebos dos Estados Unidos para adquirir exemplares que custam milhares de dólares. Passar cheques sem fundo e fraudar cartões de crédito para conseguir volumes como a primeira edição de "Lolita", de Vladimir Nabokov estavam dentre suas práticas favoritas.

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Gilkey foi preso pela primeira vez ainda na década de 1990 e desde então já teve diversas breves passagens pelo cárcere. Pelo que consta, quando em liberdade, ainda rouba livros, mesmo sendo uma figura bastante conhecida dos livreiros norte-americanos. "Quando se tem uma estante de livros, com quanto mais livros você a ocupa, com mais livros irá querer enchê-la. E quanto mais valiosos forem os livros, mais bonita ficará a estante", disse certa vez à jornalista Allison Hoover, autora do bom "O Homem que Amava Muito os Livros" (Seoman), obra sobre a trajetória bandida de Gilkey.

John Gilkey.

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Monge assassino: no século 19, o monge espanhol Don Vicente se aproveitou de ser um homem da igreja para roubar bibliotecas de mosteiros aos quais tinha acesso. Depois de algum tempo sumido, abriu uma loja de livros antigos em Barcelona, onde, pelo que consta, comprava muito mais volumes do que vendia e sempre guardava os mais raros – e caros – para si. Ao longo da vida de bibliófilo, nutria o sonho de um dia ter um exemplar de "Éditos e Ordenações Proclamados pelos Gloriosos Reis de Aragão, como Regentes do Reino de Valência, de 1482".

Soube que uma cópia da relíquia estava sendo leiloada. Foi ao leilão, fez seu lance, mas não levou. Então, resolveu se vingar de quem arrematou a peça: além de roubar o volume, colocou fogo na casa do homem que havia lhe superado, matando o concorrente carbonizado. Enfurecido, ainda aniquilou com facadas as outras 9 pessoas que tinham dado lances no leilão – e aproveitou para delas roubar algumas outras obras, claro. Foi levado ao tribunal, assumiu seus crimes e, quando lhe perguntaram por que não pegara dinheiro das vítimas, rebateu: "porque não sou ladrão".

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Russo do casaco: Elois Pichler era bibliotecário da Biblioteca Pública de São Petersburgo, na Rússia, e se aproveitou do cargo para roubar mais de 4 mil itens do lugar, muitos deles raros, entre 1869 e 1871. Para que nenhum colega notasse a prática criminosa, fabricou até um casaco com diversos compartimentos internos onde escondia o que afanava. Quando descoberto, ao mesmo tempo que foi apontado como um dos maiores ladrões de livros da história europeia, também foi condenado ao exílio na gelada Sibéria.

Gulielmo Libri.

Solitária para ele: se o russo foi enviado para a Sibéria, Guglielmo Libri foi condenado a dez anos de solitária e, depois disso, forçado a deixar a França e regressar ao seu país, a Itália. Dentre diversas outras atribuições, Guglielmo era conselheiro do governo francês e, ao ser convidado em 1841 para trabalhar na catalogação de manuscritos de bibliotecas, usou o posto para roubar, por exemplo, quase que uma centena de volumes que datavam de antes do século 12.

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.