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Divertido, novo “Harry Potter” pode servir de introdução ao texto teatral

Rodrigo Casarin

31/10/2016 15h05

 

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Muito aguardado pelos fãs brasileiros desde que foi anunciado no ano passado, "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada", roteiro de ensaio da peça homônima escrita por J. K. Rowling, Jack Throne e John Tiffany e considerado o oitavo livro da série, enfim chegou às livrarias do país com tradução para o português.

A história do título se passa 19 anos depois dos acontecimentos de "Harry Potter e as Relíquias da Morte", sétimo volume da saga, lançado em 2007. Nela, Harry Potter é um funcionário do Ministério da Magia e está casado com Gina Weasley, com quem teve três filhos: Tiago, Lilian e Alvo, um típico garoto-problema que em muitas vezes poderá deixar o leitor com raiva, tamanha sua petulância e falta de educação.

hp-blogÉ justamente em Alvo que a narrativa está centrada. O gênio forte do garoto, que busca sempre confrontar seu pai, acaba por lhe levar a um encontro com o Mal, controlado desde a morte de Voldemort. Junto de seu único amigo (Escórpio Malfoy, um jovem medroso e bondoso, que sofre com os boatos de que poderia ser filho de Voldemot, não de Draco Malfoy), Alvo resolve tentar mudar uma tragédia pela qual seu pai fora involuntariamente responsável enquanto era estudante de Hogwarts, o que desencadeia uma série de graves problemas.

Marcada por viagens no tempo e o típico maniqueísmo da série, "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada" é divertido e agradará aos fãs, claro, mas quem não está familiarizado sentirá dificuldades para entender a lógica e as terminologias do universo criado por Rowling. Os menos fanáticos provavelmente também se incomodarão com alguns problemas da narrativa, como a maneira fácil que a solução para grandes desafios surge na cabeça dos personagens e o papel pífio que Tiago e Lilian possuem na história – os outros dois rebentos de Potter e Gina mereciam uma atenção maior.

A Rocco aposta alto no produto, tanto que logo de cara já imprimiu 500 mil exemplares. Há muito tempo o texto comercial de uma peça de teatro não tinha uma tiragem tão grande no país, creio. E aqui talvez esteja o grande potencial do título. Se não há dúvida de que os outros sete livros da saga – traduzida para 79 idiomas, publicada em mais de 200 territórios e que já vendeu mais de 450 milhões de unidades – foram importantes para a formação de uma geração de leitores, um trabalho bem feito por parte dos mediadores de leitura poderá fazer com que "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada" seja a porta de entrada para muitos ao texto teatral, o que seria excelente.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.