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Papo com Luis Fernando Verissimo abre Pauliceia Literária nesta quinta

Rodrigo Casarin

14/09/2016 11h15

verissimo

Começa amanhã, quinta, e vai até o dia 17, sábado, o Pauliceia Literária, evento realizado pela Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) que chega à terceira edição tendo o gaúcho Luis Fernando Verissimo, famoso por suas crônicas e criador de personagens clássicos tais quais a Velhinha de Taubaté e o Analista de Bagé, como escritor homenageado.

Além da presença de Verissimo, que conversará na abertura com o jornalista a escritor Humberto Werneck, autor de "O Santo Sujo: A Vida de Jayme Ovalle" e "O Pai dos Burros", o evento também contará com a participação de importantes nomes da literatura brasileira contemporânea. Autores como Cristovão Tezza, Marcelo Rubens Paiva, Ana Luísa Escorel, Veronica Stigger e Fernando Bonassi comporão as 11 mesas do Pauliceia. Dentre os 19 convidados, há ainda cinco do exterior: o argentino Alan Pauls, o coreano Oh Sae-Young, a espanhola Milena Busquets e os portugueses José Luiz Peixoto e Ana Cássia Rebelo. A curadoria é do jornalista e crítico literário Manual da Costa Pinto.

A Pauliceia Literária acontecerá na sede da AASP, na rua Álvares Penteado, 151, no centro de São Paulo, perto da estação São Bento do metrô. Todas as mesas serão gratuitas e os ingressos podem ser adquiridos por meio de cadastro no site do festival – aqui o link.

Confira a programação:

Dia 15/9
11h – Abertura
Autor em Foco: Luis Fernando Verissimo
Por Humberto Werneck
Mediação: Manuel da Costa Pinto
Um bate-papo com o cronista Humberto Werneck sobre a trajetória de Verissimo, com presença e participação do escritor homenageado pelo Pauliceia Literária 2016

15h – Ficção histórica e história agônica
Ana Miranda e Raimundo Carrero
Autora de romances históricos e narrativas que partem da vida de clássicos como Gregório de Matos, Augusto dos Anjos e Clarice Lispector, a cearense Ana Miranda se tornou um nome central na cena literária brasileira com uma obra que equilibra pesquisa rigorosa e invenção ficcional. E o pernambucano Raimundo Carrero retrabalha referências em autores com alta densidade existencial (Dostoiévski e Kafka, Graciliano Ramos e Henry Miller) para compor seu purgatório ficcional de almas que se consomem entre danação bíblica e expiação da carne.

17h – Anos de chumbo: ontem e hoje
B. Kucinski e Julián Fuks
Mediação: Heitor Ferraz Mello
As ditaduras de Brasil e Argentina deixaram cicatrizes que se traduzem, a cada período, em novas formas de abordar o horror – como na ficção de Kucinski (cuja irmã está entre os desaparecidos do regime de exceção brasileiro) e Fuks (que, filho de argentinos, aborda o tema recorrente das crianças que, nascidas no cativeiro, cresceram em famílias adotivas).

19h – Fantasmas da escrita
Cristovão Tezza
Mediação: Christian Schwartz
O autor de O fantasma da infância percorreu diferentes caminhos ficcionais – do romance geracional e da intriga policial à sobreposição de camadas narrativas e intersubjetivas – até chegar ao "realismo reflexivo" (expressão do próprio Tezza) de O fotógrafo, O filho eterno e O professor, livros que assinalam a consciência literária de um dos maiores escritores brasileiros.

Dia 16/9
11h – Orientes próximos
Oh Sae-young (Coreia do Sul) e Moacir Amâncio
Mediação: Tarso de Melo
O encontro entre o sul-coreano Oh Sae-young e o brasileiro Moacir Amâncio marca a confluência entre duas poéticas em que a expressão da experiência contemporânea é atravessada, respectivamente, por referências da filosofia oriental e da tradição judaica.

15h – Cronistas da irrealidade cotidiana
Fernando Bonassi e Humberto Werneck
Mediação: Ronaldo Bressane
Um encontro de dois escritores que estão entre os mais importantes cronistas do país, com um senso de crítica e uma ironia que se projetam na aspereza e no sentido político dos romances de Fernando Bonassi e na arte de contar histórias presente nas biografias e nos trabalhos de garimpagem da vida literária e cultural brasileira de Humberto Werneck.

17h – Espaços ocupados
Veronica Stigger e Elvira Vigna
Mediação: Manuel da Costa Pinto
Em parceria com o prêmio Oceanos de literatura em língua portuguesa e o Instituto Itaú Cultural, Elvira Vigna (uma das vencedoras da premiação em 2015, com Por escrito) e Veronica Stigger (autora do premiado Opisanie swiata) são escritoras cuja relação com as artes visuais se traduz num trabalho com a espacialidade da página como elemento narrativo de suas ficções corrosivas, ocupando lugar singular na literatura brasileira.

19h – Variações sobre o passado
Alan Pauls (Argentina)
Mediação: Christian Schwartz
Dentro de uma linhagem de escritores (Arlt, Borges, Cortázar, Puig, Piglia, Saer) que levaram a Argentina ao centro da literatura mundial, Alan Pauls vem reconfigurando essa tradição tanto nas narrativas curtas quanto no romance – com destaque para O passado e para a trilogia História do pranto, História do cabelo e História do dinheiro, que aborda os anos 1970, período marcado pela ditadura militar, na perspectiva da subjetividade platense, da contracultura e do caos econômico.

Dia 17/09
15h – Luto, adultério, melancolia
Ana Luís Escorel e Milena Busquets (Espanha)
Duas escritoras que gestaram no trabalho editorial suas vozes ficcionais fazem a experiência da perda (materna, na espanhola Milena Busquets; conjugal, em Ana Luisa Escorel) deflagrar novas representações do luto e da melancolia em tempos de hedonismo sexual e felicidade compulsória.

17h – Ficção e confissão
Ana Cássia Rebelo (Portugal) e Marcelo Rubens Paiva
Mediação: Andréa Catrópa
Autor de romances que balizaram sua obra e a sensibilidade de diversas gerações de leitores brasileiros, Marcelo Rubens Paiva encontra a portuguesa Ana Cássia Rebelo, que transformou seu blog (linguagem da nova geração) em ferramenta para expressar a irredutibilidade da angústia e do desejo.

19h – Despovoados
José Luiz Peixoto (Portugal)
Mediação: Manuel da Costa Pinto
O escritor que encontrou uma dicção renovadora para falar da persistência do arcaico no Portugal contemporâneo é também aquele que saiu de seu povoado para buscar – ao Oriente do Oriente – as aniquilações que radicalizam a vivência moderna.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.