Brasileiro lê mais hoje do que há quatro anos; elite, no entanto, lê menos

O Instituto Pró-Livro (IPL) divulgou há pouco os dados da 4ª edição da Retratos da Leitura no Brasil, pesquisa que busca apurar o comportamento dos leitores no território nacional e as condições de leitura acesso ao livro. Os dados mostram que hoje o brasileiro lê mais do que há quatro anos, que o livro que faz mais sucesso dentre os habitantes do país é a "Bíblia", enquanto o autor favorito é Monteiro Lobato, e que, indo na contramão da tendência geral, nossa elite econômica anda se dedicando menos à leitura do que outrora.

A pesquisa considera "leitor" quem leu, inteiro ou em partes, ao menos um livro nos últimos três meses. Assim sendo, hoje 56% dos brasileiros se enquadram nesse perfil – em 2011 eram 50% e em 2007, 55% -, sendo que as mulheres leem mais que os homens: 59% x 52% de leitores em cada gênero.

Olhando para idade, o ápice dos entusiastas da leitura está entre as crianças de 11 e 13 anos – 84% delas leem. Depois disso os números despencam de acordo com o envelhecimento, até chegar nas pessoas com 70 anos ou mais, faixa etária na qual somente 27% dos entrevistados podem ser considerados leitores.

Levando em conta a renda dos entrevistados, uma surpresa: atualmente nossa elite econômica lê menos do que há quatro anos (Classe A: 76% de leitores hoje contra 79% de leitores em 2011), enquanto os mais pobres estão lendo mais (Classes D e E: 40% de leitores hoje contra 33% em 2011). Nas outras classes também ouve uma melhora nos índices de leitura: a B saltou de 62% para 70% e a C, de 51% para 57%.

"Bíblia", "Diário de um Banana", Lobato, Machado…

O gosto ou interesse pessoal por determinado assunto ou autor é o principal motivo que levou os entrevistados a lerem o último livro que tinham lido ou estavam lendo quando a pesquisa foi feita (47%). Há ainda aqueles que leram ou estavam lendo por causa da escola (10% agora contra 25% em 2011, uma redução significativa), por conta da profissão (7%), para se distrair (8%), porque simplesmente ganharam o livro (5%) ou por conta da religião (22% dos leitores).

Deixei as razões religiosas por último porque ela está diretamente atrelada ao livro mais citado pela maioria dos entrevistados como a mais recente obra lida: a "Bíblia". "28% dos entrevistados pertencem a religiões em que a leitura da 'Bíblia' é central para o fiel, já que nessas denominações o principal meio de mediação com o sagrado não é via sacerdote, como, por exemplo, na religião católica, mas via palavra sagrada, acessada através da leitura cotidiana da 'Bíblia'", explica a pesquisa.

Na sequência, completando o top 5 dos livros recém-lidos citados, estão "Diário de Um Banana", de Jeff Kinney, "Casamento Blindado", de Cristiane e Renato Cardoso, "A Culpa é das Estrelas", de John Green, e "Cinquenta Tons de Cinza", de E. L. James. A "Bíblia" também é a obra favorita da maioria das pessoas ouvidas, seguida por "A Culpa é das Estrelas", "A Cabana", de William P. Young, "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, e "Cinquenta Tons de Cinza".

É curioso notar que a lista de títulos em nada coincide com a dos escritores mencionados em outras questões. Quando perguntados quais os autores que mais gostam, os entrevistados responderam principalmente Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho, Maurício de Souza e Augusto Cury. Sobre os mais conhecidos, lembraram de Machado de Assis, Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. E, dentre os lidos recentemente, todavia, estão Augusto Cury, João Ferreira de Almeira, Zibia Gasparetto, Padre Marcelo Rossi e Paulo Coelho e Cristiane e Renato Cardoso, que dividem a quinta posição.

Para esta edição da Retratos da Leitura no Brasil foram ouvidas 5.012 pessoas com cinco anos ou mais, habitantes de 317 municípios espalhados por todas as regiões do país. A coleta de informações foi realizada pelo Ibope entre os dias 23 de novembro e 14 de dezembro de 2015.