Quem é Karl Ove Knausgard, a principal atração da Flip deste ano?
O norueguês Karl Ove Knausgard será principal atração da Flip deste ano. Sim, a meu ver sua presença supera até mesmo a de Svetlana Alexievich, última vencedora do Nobel de Literatura, outra atração da Festa – coloco meu argumento sobre isso mais abaixo.
Karl Ove está com 47 anos e atualmente é um dos autores mais respeitados do planeta. Formado em História da Arte e Literatura, estreou na ficção em 1998 com o romance "Fora do Mundo", seguido de "Tudo em Seu Tempo", de 2005, apontado como um dos 25 melhores livros da história de seu país natal.
Em 2013 iniciou o trabalho que lhe traria ainda mais reconhecimento: a hexalogia "Minha Luta", inaugurada por "A Morte do Pai", sucedido de "Um Outro Amor" e "A Ilha da Infância" – os três títulos publicados no Brasil até aqui. Na empreitada, Karl Ove mergulha em suas memórias para arquitetar uma narrativa fortemente marcada por elementos autobiográficos, tentando reconstruir o universo onde cresceu e compreender a personalidade de alguns daqueles que o cercaram.
Graças a esses livros que passou a ser comparado com Marcel Proust – francês autor de "Em Busca do Tempo Perdido", a grande referência literária que há quando falamos de memórias – e a arrancar empolgados elogios da crítica internacional. Rachel Cusk, no jornal The Guardian, definiu a série como "talvez a empreitada literária mais importante dos nossos tempos". Já James Wood, para o New Statesman, escreveu que o texto do autor é "extraordinário" e de "uma honestidade implacável. Cria espaço tanto para o lírico quanto para o prosaico, para o chocante e o banal". Zadie Smith, por sua vez, considera que "é notável a habilidade de Karl Ove de estar presente em sua própria existência, ao mesmo tempo que tem consciência dela. É como se a escrita e a vida estivessem correndo juntas", conforme escreveu para a The New York Review os Books.
É justamente por tudo isso que considero sua presença mais importante do que a de Svetlana – mas não que isso diminua a relevância da jornalista bielorrussa, veja bem. Não fosse pelo Nobel, "Vozes de Tchernóbil" até poderia ter sido lançado no Brasil e autora até poderia ser uma das atrações da Flip, mas não teria nem um décimo das atenções que está recebendo: o impacto da sua presença está diretamente relacionado ao prêmio que ganhou da Academia Sueca. Diferente de Karl Ove, que aqui e em boa parte do mundo é reconhecido pelo que escreveu, pelo seu trabalho, pela arte que faz, independente das honrarias que tenha ou não na prateleira de casa. Karl Ove é um grande nome independente de qualquer título.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.