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Russos “esquecidos”, dentre eles um Nobel, retornam às livrarias do país

Rodrigo Casarin

29/03/2016 10h44

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Liev Tolstói, Fiódor Dostoiévski, Nikolai Gogol, Anton Tchekhov… a lista de escritores russos facilmente lembrados por qualquer leitor é vasta. No entanto, com o tempo alguns autores clássicos do país foram perdendo o fôlego e ficaram um tanto esquecidos inclusive por editores. É esse o caso de Vladimir Korolenko e Ivan Búnin.

O primeiro nome não tinha um lançamento no Brasil há mais de 50, enquanto o segundo está longe de ser tão conhecido quanto seus pares citados no começo do texto, mesmo tendo levado o Prêmio Nobel de Literatura de 1933. Contudo, nas últimas semanas, livros tanto de Korolenko quanto de Búnin chegaram às livrarias nacionais.

O retorno de um Nobel

"Pela precisão da habilidade artística, com a qual deu continuidade às tradições clássicas russas na prosa", foi por esse motivo que Búnin levou o Nobel de Literatura, o primeiro na categoria a ser entregue a alguém de seu país. Agora, a Editora 34 lança "O Amor de Mítia", que retorna às livrarias brasileiras com tradução feita por Boris Schnaiderman, um dos mais respeitados tradutores do russo para o português. A novela foi publicada originalmente em 1925 e busca retratar todo o drama que há na consciência de um rapaz assolado por conturbados sentimentos amorosos. O trabalho rendeu ao autor elogios vindos de colegas respeitáveis, como o alemão Thomas Mann e o francês André Gide.

Búnin nasceu em 1870 e no começo do século 20 já era um escritor e tradutor relativamente famoso na Rússia, país que deixou em 1920 por discordar dos caminhos que os acontecimentos tomavam após a Revolução de 1917. Exilou-se em Paris, onde se tornou uma das principais vozes da comunidade de russos emigrados – outra importante voz com trajetória semelhante é Vladimir Nabokov, o autor de "Lolita" – e faleceu em 1953. Tido como um herdeiro do realismo de Tolstói, na sua obra também se destacam títulos como "A Aldeia", "O Processo do Tenente Ieláguin" e "A Vida de Arsêniev".

Caixa de Korolenko

Se Búnin é equiparado a Tolstói, Korolenko foi inclusive elogiado pelo autor de "Guerra e Paz", que o apontou como "um dos principais contistas da literatura russa". O crítico literário austríaco que construiu a carreira no Brasil Otto Maria Carpeaux também dedicou linhas edificantes ao escritor, que comparou ao inglês Charles Dickens.

Nenhum livro de Korolenko era lançado no Brasil há mais de 50 anos, ausência que agora chega ao fim graças a uma caixa da editora Carambaia que conta com dois trabalhos do autor: "Em Má Companhia" – romance sobre um menino de família rica que se envolve com uma turma de crianças pobres – e "O Músico Cego", sua obra mais famosa, que conta a história de um garoto que nasce cego e desenvolve grande sensibilidade para a música.

Korolenko nasceu em 1853 em Jitómir, território que atualmente pertence à Ucrânia. No começo da idade adulta foi estudar em Moscou, onde se envolveu com movimentos estudantis e, por conta do engajamento, foi deportado para a Sibéria. Ao longo desse exílio que começou a escrever, criando narrativas que costumam colocar em cheque as injustiças sociais e os sofrimentos humanos. Morreu em 1921.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.