Cinco fanzines brasileiros concorrem ao prêmio alternativo do Oscar das HQs

Cinco fanzines brasileiros estão entre os finalistas do Prêmio de Quadrinhos Alternativos 2016 oferecido pelo Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, tido como o Oscar das HQs, que chega a sua 43ª edição. A categoria, cujos vencedores serão anunciados no sábado, dia 30, existe desde 1982 e congratula trabalhos feitos de forma amadora ou por coletivos de artistas. Os representantes nacionais entre os 29 finalistas de diversas partes do mundo são as publicações "Café Especial", "Espresso Futebol", "Maidan", "Maria Magazine" e "O Tiraço".

"Café Especial" é uma revista comandada por Sérgio Chaves e Lídia Basoli que nasceu em 2007, em Marília, cidade do interior de São Paulo. Reunindo em suas páginas HQs, literatura, fotografia e artigos sobre diversas artes, já conquistou prêmios nacionais e representou o país em eventos internacionais em lugares como Bolívia e Argélia.

"A Espresso" – que surgiu com a proposta de trabalhar com edições temáticas, como, no caso da revista indicada em Angoulême, o futebol – é editada em Fortaleza por João Belo Júnior e apresenta trabalhos do grupo de quadrinistas The Comics Café.

Já a "Maidan" – palavra que significa "praça" em ucraniano, um dos vários povos responsáveis pela colonização do Paraná – é comandada por Ben-Hur Demeneck e vem de Ponta Grossa, cidade que sedia o Clube de Humor e Quadrinhos Barão de Itararé, responsável pelo trabalho.

"Maria Magazine", por sua vez, revive a personagem Maria, que nasceu na Paraíba há mais de 30 anos para, por meio do humor, retratar questões pessoais, políticas e sociais de sua terra. O fanzine que protagoniza agora é publicado pela Marca de Fantasia, editora de João Pessoa comandada por Henrique Magalhães que tem como proposta privilegiar novos quadrinistas.

"O Tiraço", enfim, é um jornal que reúne tiras, charges e ilustrações feito para ser distribuído em bibliotecas e instituições de ensino da rede municipal de Salvador. Com edição única e tiragem de 30 mil exemplares, visa incentivar crianças a lerem HQs e conhecerem autores nacionais.

Polêmica em Angoulême

E se no Oscar há polêmica sobre a ausência de negros entre os indicados nas principais categorias, no Oscar das HQs o debate se deu pela falta de mulheres na primeira lista de finalistas ao prêmio principal do evento. Quadrinistas renomados, como Riad Sattouf e Milo Manara, pediram para ter seus nomes retirados da relação (veja mais aqui). Em resposta, a organização de Angoulême reviu seus critérios e incluiu Marjane Satrapi e Posy Simmonds dentre os possíveis vencedores – ao cabo, a honraria acabou indo para o belga Hermann.

Nesta semana o UOL, partindo desse caso, também publicou uma reportagem sobre o machismo nos quadrinhos nacionais. Veja aqui.