Biografia leva Andressa Urach a “pódio do milhão” com Edir Macedo e Lolita
Em um país cujas tiragens de livros raramente ultrapassam os três mil exemplares, uma obra sair da gráfica com um milhão de cópias é algo de extrema raridade. Esse é o caso de "Morri Para Viver", biografia recém-lançada da ex-prostituta Andressa Urach, mais novo integrante do seleto "pódio do milhão" nacional, que, até então, tinha apenas dois títulos: o terceiro volume da biografia do bispo Edir Macedo e uma edição de "Lolita", clássico do russo Vladimir Nabokov.
Pelo que consta, "Morri Para Viver" é a terceira maior tiragem de um livro no país. O impressionante número se justificaria porque há a aposta de que a vida da ex-prostituta seja divulgada nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus como a clássica história de uma pecadora que se arrepende do que fez e encontra a salvação no "senhor".
Quem lidera o ranking é o terceiro volume da biografia de Edir Macedo, exatamente o fundador da Universal, lançada com 1,3 milhão de exemplares impressos. Não é coincidência que números tão expressivos venham de obras escritas pelo mesmo autor – ambas são de Douglas Tavolaro, vice-presidente de jornalismo da emissora Record -, publicadas pela mesma editora – a Planeta – e que, de alguma forma, visem o mesmo público.
O que chama atenção dentre as tiragens milionárias, no entanto, é que as duas celebridades agora ligadas à igreja encontram no pódio um nome inegavelmente profano: "Lolita". A história da ninfeta de 12 anos que seduz o professor Humbert Humbert ganhou uma tiragem de 1,1 milhão de exemplares no país quando integrou a coleção "Biblioteca Folha". Ao ser lançado originalmente, em 1955, "Lolita" chocou muita gente por apresentar a relação amorosa entre um adulto e uma pré-adolescente, chegando a ser proibido em diversos países.
Dentre outras grandes tiragens nacionais recentes estão "50 Tons de Liberdade", de E. L. James, com 600 mil cópias, "Kairós: O Tempo de Deus", de padre Marcelo Rossi, e "Inferno", de Dan Brown, os dois últimos com 500 mil unidades.
Não é possível cravar que essas sejam as maiores tiragens da história do Brasil, contudo; para tal, teríamos que ter acesso aos números de todos os livros que já foram impressos por aqui. Por outro lado, considerando principalmente o tamanho do mercado – quase sempre em crescimento -, é improvável que haja tiragens maiores do que as apontadas, a não ser em casos de compras governamentais ou de livros tidos como sagrados por certas religiões.
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