De Zaratustra a Obama, livro reúne cartas históricas
Ao longo da história o ser humano sempre precisou dar um jeito de se comunicar quando não estava na presença da pessoa com quem gostaria de falar. Utilizando peças de barro, pergaminhos feitos do couro de animais, papéis ou computadores, desde os primórdios nos correspondemos. Compilado por Márcio Borges, "Cartas da Humanidade" reúne 141 exemplos desses documentos, com textos que vão desde Zaratustra (escrito no ano 6000 a.C., estima-se) até a carta aberta de Barack Obama ao povo de Illinois, em 2008, quando deixou de representar o estado no senado para se tornar candidato à presidência dos Estados Unidos.
Entre esses extremos separados por mais de 8000 anos, encontramos correspondências de filósofos (como Platão e Locke), líderes religiosos (Papa Gregório III, José de Anchieta…), cientistas (Galileu Galilei, Albert Einstein…), políticos (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek…) e artistas (Franz Kafka, Marlon Brando…), dentre outros. Ainda despontam nomes que costumam chamar atenção das pessoas, como Napoleão Bonaparte, Maria Antonieta e Jack, o estripador. Com isso, "Cartas da Humanidade" se torna uma obra abrangente tanto pelo vasto tempo que retrata quanto pela variedade de assuntos que as missivas escolhidas abordam.
Veja trechos curiosos de algumas dessas cartas:
"Não retornes o mal a teu adversário; replica com bondade àquele que pratica o mal, mantém justiça para com teu inimigo, sê amigável para com teu inimigo. Dá-lhe comida para comer, cerveja para beber, concede-lhe o que é pedido, provê isso e trata-o com honra", aconselha "um pai acadiano a seu filho" em 2200 a.C.
"Posso imagina prontamente, Santo Padre, que assim que algumas pessoas ouvirem o conteúdo deste volume que escrevi sobre as revoluções das esferas do universo, em que designo certos movimentos do globo terrestre, gritarão que devo ser repudiado imediatamente com essa convicção. Pois não assim tão enamorado de minhas próprias opiniões para desconsiderar o que os outros possam pensar delas.", começa, de maneira bastante prudente, a carta que Nicolau Copérnico enviou ao papa Paulo III sobre suas ideias a respeito do sistema solar.
"Eu não te amo mais; pelo contrário, te detesto. Tu é um infortúnio, verdadeiramente má, verdadeiramente estúpida, uma verdadeira Cinderela. Nunca me escrever, não amas teu marido; sabes o prazer que me dão tuas cartas e, contudo, não te dignas a escrever-me meia dúzia de linhas, rabiscadas num momento!", escreve um carente Napoleão Bonaparte a Josefina. No final do texto, o imperador volta confessa que espera ter a amante novamente em seus braços: "esbanjarei em ti um milhão de beijos, ardentes como o sol equatorial".
"Vou publicar as minhas duas comédias de estreia; e não quero fazê-lo sem o conselho da tua competência" – em 1888, um inseguro Machado de Assis procurava por palavras de apoio de Quintino Bocaiúva, jornalista e político.
"A teoria racial alemã levou Hitler e seus amigos à conclusão de que os alemães, como a única nação completamente valiosa, tinham que comandar as outras nações. A teoria racial inglesa leva o sr. Churchill e seus amigos à conclusão de que as nações que falam o idioma inglês, sendo as únicas completamente valiosas, devem comandar as nações restantes do mundo…", esbravejava em 1946, após a Segunda Guerra, o líder soviético Josef Stalin contra Winston Churchill, que viria a ser primeiro-ministro britânico.
"Sinto que cumpri a parte de meu dever que me atava à Revolução Cubana em seu território, e digo adeus a você, aos camaradas, ao seu povo, que agora é o meu. Formalmente, renuncio às minhas posições na liderança do partido, meu posto como ministro, minha patente de comandante e minha cidadania cubana. Nada legal me amarra a Cuba. Os únicos laços são de outra natureza – aqueles que não podem ser quebrados como podem os compromissos de postos.", despedia-se, em 1965, Che Guevara de Fidel Castro após a Revolução Cubana.
Título: "Cartas da Humanidade"
Organizador: Márcio Borges
Editora: Geração Editorial
Páginas: 468
Preço: R$59,90
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