Livros em discurso mostram um Bolsonaro contraditório e incoerente
Assim que teve a vitória confirmada, Jair Bolsonaro se debruçou sobre quatro livros para fazer seu primeiro pronunciamento como presidente eleito. Estavam ao alcance de suas mãos uma edição da Bíblia, "Memórias da Segunda Guerra"(Nova Fronteira), de Winston Churchill, "O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser um Idiota" (Record), de Olavo de Carvalho, e um exemplar da Constituição Federal.
Nem preciso dizer que esse último é o mais importante dos quatro volumes. Dentre outras coisas, nossa Constituição prega que o Estado brasileiro é laico, o que torna no mínimo questionável a promessa do novo presidente de se basear na Bíblia para nortear seu governo. A Constituição ainda fala que ninguém deve ser submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante e garante a plena liberdade de expressão e de manifestações políticas. Espero que ela passe a ser integralmente respeitada por Bolsonaro quando ele sentar na cadeira presidencial.
Agora, são curiosas as outras duas escolhas do político para o cenário de seu discurso. Ao pegar o livro de Churchill, ex-primeiro-ministro britânico, cargo que ocupou durante a Segunda Guerra Mundial, e agraciado com o Nobel de Literatura em 1953, Bolsonaro diz que grandes líderes lhe servem de inspiração. Pode até ser, mas pouco adianta se inspirar em importantes nomes da história para depois buscar informações e reflexões num livro de Olavo de Carvalho, filósofo hidrófobo idolatrado pela extrema-direita que acredita veementemente que há uma conspiração global para acabar com o catolicismo, que o comunismo é uma "ameaça" que ainda paira sobre o Ocidente e que a ciência moderna é mero esoterismo.
Colocar a Constituição junto com a Bíblia e Churchill junto com Carvalho mostra quão contraditória, confusa e incoerente é a cabeça do nosso novo presidente.
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