Eric Hobsbawn estaria triste pelo Brasil, mas ansioso por Bélgica X França
Historiador e um dos principais intelectuais do século 20, Eric Hobsbawn, britânico nascido no Egito, não escondia a sua queda pela seleção brasileira. Tinha Gerson e Tostão entre os jogadores que mais apreciava, relembrava com carinho da campanha do tri, no México, em 1970, e lamentava não ter tido a chance de acompanhar in loco uma partida do magistral Mané Garrincha.
Essa admiração que o levou a escrever em "Era dos Extremos – O Breve Século 20" (Companhia das Letras): "E quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?". Não é pouco ter um Hobsbawn assumindo que o jogo possa atingir tal patamar. Ao mencionar o Brasil, o historiador explica como o esporte, principalmente o futebol, é um setor da cultura popular que conseguiu se tornar importante para boa parte do mundo sem ser fortemente impactado pela influência que os Estados Unidos passaram a exercer no século passado em diversas outras frentes (como na música, por exemplo).
Em seus escritos, Hobsbawn mostra atenção ao futebol, um meio para entender movimentos nacionalistas e, com o passar das décadas, compreender a globalização. Torcedor do Arsenal, para ele a valorização dos clubes fez com que as seleções nacionais se mantivessem vivas exclusivamente por conta da Copa do Mundo – ao que ele deveria ser grato, pois lamentava só conseguir assistir ao Brasil jogar praticamente a cada quatro anos.
Tendo esse gosto pela seleção brasileira e levando em conta a queda do time de Tite, acredito que Hobsbawn, se vivo, estaria triste pelo Brasil. Mas, por outro lado, por exaltar o futebol arte, provavelmente estaria ansioso por Bélgica e França, duelo entre duas seleções com grandes craques e que podem fazer o melhor jogo desta Copa.
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