Atwood sobre talento de Le Guin: desconfiemos do uso de drogas misteriosas
Desde que a morte de Ursula K. Le Guin foi anunciada, no começo da noite de ontem, Margaret Atwood, em sua página no Twitter, tem se mostrado bastante consternada pela perda da colega de escrita. Margaret, em grande evidência após suas distopias "O Conto da Aia" e "Vulgo Grace" serem transformadas em elogiadas séries, escreveu sobre Le Guin em 2002. O texto "A Rainha de Quinkdom", publicado originalmente na New York Review of Books e integrante do livro "Buscas Curiosas", coletânea de artigos editada pela Rocco, era para ser apenas uma resenha do volume de contos "The Birthday of The World", mas se torna uma análise mais profunda da obra de Le Guin.
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Depois de discutir o conceito de ficção científica e passear pela plural e pouco coesa história do gênero, Atwood se mostra admirada pela maneira que Le Guin consegue ser excelente tanto ao escrever seus romances embasados de alguma forma pela ciência – "A Mão Esquerda da Escuridão" com seu universo de Ekumen é o principal exemplo – quanto obras de fantasia – aqui, os principais representantes são os livros da série "Terramar", uma precursora de "Harry Potter". A resenha é relativamente longa – ocupa 13 páginas do livro -, mas muito do que Atwood diz está resumido neste trecho:
"Aquilo que é mais surpreendente sobre Le Guin como escritora é que ela tenha conseguido criar esses dois reinos não só paralelos, mas ao mesmo tempo. 'O Mago de Terramar' foi lançado em 1968, e 'A Mão Esquerda da Escuridão', em 1969. Qualquer um dos dois teria sido suficiente para estabelecer a reputação de Le Guin como mestre do gênero; os dois juntos fazem com que desconfiemos de que a escritora goze de benefícios de drogas misteriosas ou de mobilidade anormal das articulações ou de ambidestreza criativa".
Capacidade impressionante que, como reconhece Atwood no próprio texto, acompanhou Le Guin ao longo de toda a sua carreira.
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