Você conhece o poeta que defendeu que “é preciso estar sempre bêbado”?
Charles Baudelaire é um dos maiores nomes da história da poesia. Nascido na França em 1821, rompeu com padrões de sua época e influenciou diretamente aqueles que viriam a ser chamados de "malditos", como seu conterrâneo Arthur Rimbaud, outro gênio.
A predileção pela vida mundana – divertia-se principalmente em jogatinas, embebedando-se e usando algumas outras drogas aqui e ali – refletia nos versos de Baudelaire. Sua obra-prima, "Flores do Mal", foi censurada e levou o poeta a ser condenado como subversivo por conta de escritos "imorais". Morreu no dia 31 de agosto de 1867, quando tinha 46 anos, em decorrência da sífilis que contraíra na adolescência.
Para registrar esses 150 anos da morte de Baudelaire, deixo aqui meu poema preferido do francês, "Embriagai-vos". Utilizei a tradução de Aurélio Buarque de Holanda como base, mas aproveitei algumas propostas feitas por Gilson Maurity dos Santos em sua versão da peça para o português. Também resisti para não me intrometer ainda mais e trocar vinho por cerveja:
Embriagai-vos
É preciso estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentir o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa. Mas embebedai-vos.
E, se algumas vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a onda, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
– É a hora de embriagar-se! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é sua.
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