Em casa que celebra o papel, crianças se surpreendem com antigas técnicas de impressão

Fotos: Cecilia Schiavo.

Enquanto as ruas de Paraty começam timidamente a encher e muitos lugares organizam os últimos detalhes para o público, um dos espaços paralelos à programação principal da 15ª edição da Flip já recebia uma boa quantidade de visitantes na tarde desta quarta-feira: a Casa de Papel. A residência é, acima de tudo, uma ode aos livros impressos e às possibilidades gráficas que o objeto papel permite.

Dentre as instalações, chamava a atenção principalmente das crianças as máquinas que mostram ao visitante diferentes técnicas de impressão. Enquanto um garotinho observava com curiosidade o homem que trabalhava em serigrafias, uma menininha usava peças da tipografia como carimbo para fazer um marcador de páginas para seu pai. Quando entregou o presente, falou, mostrando-se surpresa com a antiga tecnologia: "Nossa, pai, fazer isso dá muito trabalho".

"Esta é uma casa feita por todo mundo que gosta de papel. A ideia é que as pessoas cheguem e botem a mão nas máquinas mesmo, façam suas próprias impressões. Isso tudo é um reflexo de editoras que apostam cada vez mais em projetos gráficos", diz João Varella, editor da Lote 42, uma das empresas responsáveis pelo espaço. A própria Lote, aliás, é uma dessas editoras que se destacam pela maneira que cuidam da aparência de seus títulos.

Ao longo dos dias da Flip, na casa também será desenvolvido um livro com crônicas de Lima Barreto, homenageado da edição deste ano da festa. Coordenados pelo designer Gustavo Piqueira, o também designer Henrique Martins, o quadrinista João Montanaro, a artista visual Vânia Medeiros e a pesquisadora Daniela Avelar decidirão como será o volume que, por enquanto, tem apenas o texto pronto – evidentemente, já que o autor morreu em 1922. "Não sei como será o livro, se terá ilustrações, qual será o papel, quantas páginas vai ter… Não sei nem quanto será o preço de capa. Vamos descobrir tudo isso no domingo", conta Varella.

Entre amanhã, dia 27, e sábado, dia 29, a Casa de Papel também oferecerá ao público oficinas de assuntos como encadernação, xilogravura e serigrafia.

Viajei a Paraty a convite da EDP Brasil.