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Para coxinhas, mortadelas e isentões: 9 livros sobre o Brasil de hoje, seus heróis e vilões

Rodrigo Casarin

17/05/2017 09h45

Operação Lava Jato. Há muito tempo um assunto não tomava tanto espaço na vida dos brasileiros. Olhando para as estantes das livrarias, também nos deparamos com livros a respeito das investigações sobre as diversas falcatruas promovidas por nossos políticos e empresários.

E não só isso, esses títulos sempre estão acompanhados por outros que dialogam diretamente com o tema. Há de tudo: obras sobre Dilma, Lula e Moro, obras para quem acha que foi golpe e para quem vibrou com o Impeachment, obras para quem defende ou torce pela Lava Jato e para seus detratores. Obras para coxinhas, mortadelas e isentões. Veja algumas delas:

"Mãos Limpas e Lava Jato – A Corrupção se Olha no Espelho", de Rodrigo Chemim (Citadel): na década de 90, a Itália também teve a oportunidade de passar a limpo boa parte da sujeira de sua política com a Operação Mãos Limpas. Apesar de ter tido seus méritos, a ação criou um cenário político propício para que Silvio Berlusconi se tornasse primeiro-ministro. Seus mandatos foram repletos de denúncias e escândalos de corrupção, algo que a operação teria, supostamente, expurgado. No livro, Rodrigo Chemim, procurador do ministério público, aponta as muitas semelhanças que existem entre ação italiana e a brasileira.

"Operação Mãos Limpas", de Gianni Barbacetto, Peter Gomez e Marco Travaglio (Citadel): mais sobre as investigações italianas e desta vez com textos de apoio sobre o assunto assinados pelo juiz Sergio Moro. "A Operação Mãos Limpas não é apenas uma história de sucesso. É também reveladora das limitações institucionais da Justiça criminal que, sozinha, não tem condições de reformar democracias contaminadas pela corrupção sistêmica", escreve Moro.

"Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil", de Vladimir Netto (Primeira Pessoa): alçado ao posto de herói nacional por muitos, a postura imponente de Moro na capa do livro já indica o que o leitor pode esperar na obra lançada no ano passado e que foca nos primeiros episódios da Lava Jato.

"A Luta Contra a Corrupção", de Deltan Dallagnol (Primeira Pessoa): se Moro é o Batman da Lava Jato, Daltan Dallagnol é o Robin. Neste livro, o procurador da república imprime um tom heroico nas linhas que falam sobre seu trabalho no Ministério Público e dos desafios de tentar impactar positivamente no futuro de um "país marcado pela impunidade", como acusa no subtítulo da publicação.

"Operação Lava Lula", de Adib Abdouni (AAA Editora): Lula é culpado ou inocente? Em algum momento Moro ordenará a prisão do ex-presidente? O país todo aguarda o desfecho sobre o envolvimento ou não de Lula com os esquemas de corrupção que estão sendo revelados. Nesta obra, Abdouni se propõe a apresentar ao leitor informações para que cada um chegue à própria conclusão sobre os fatos.

"A Outra História da Lava-Jato", de Paulo Moreira Leite (Geração Editorial): promete revelar como uma articulação começou, depois de julho de 2013, a colocar em prática táticas para tirar o PT do poder nacional. Sim, é um livro para quem acredita que foi mesmo golpe o Impeachment de Dilma.

"Depois do Golpe", de Felipe Demier (Mauad X): como o nome entrega, é outro título que apoia a tese de que Dilma foi vítima de um golpe. Demier é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e nessa breve obra fala com todas as letras, por exemplo, sobre "o governo golpista de Temer", mas também aponta erros cometidos pelos petistas.

"Como Matar uma Borboleta Azul", de Monica Baumgarten de Bolle (Intrínseca): o título um tanto poético e metafórico já dá o tom deste livro. Nas páginas, a autora aposta em uma narrativa que privilegia os personagens reais – quase sempre pessoas complexas, não as caricaturas que montamos em nossas cabeças por só conhecermos o que aparece na mídia – para falar das questões econômicas do governo de Dilma.

"Diário da Cadeia", de Eduardo Cunha (Pseudônimo) (Record): provavelmente o livro desta lista que causou mais barulho até agora, trata-se de uma bem-vinda sátira aos dias do ex-deputado Eduardo Cunha na cadeia. Já falei sobre a obra aqui no blog e tomara que mais peças do tipo surjam nas livrarias nacionais. É sempre bom tratarmos dos assuntos contemporâneos sob o prisma de uma competente ficção.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.