Tragédia de Mariana inspira autora em livro infanto-juvenil
No dia 5 de dezembro de 2015, a barragem de rejeitos do Fundão, da mineradora Samarco, rompeu e um tsunami de lama se alastrou pelas montanhas mineiras até chegar e devastar a cidade histórica de Mariana. Oficialmente, 18 pessoas morreram, uma ficou desaparecida e milhares desabrigadas. Não bastasse o impacto social, ambientalmente o desastre também teve proporções gigantescas: o barro deixou a bacia hidrográfica do Rio Doce em estado crítico e alcançou o mar, matando animais e prejudicando famílias que vivem da pesca. Essa catástrofe, a maior do tipo que já aconteceu no Brasil, serviu de inspiração para que a escritora Ana Rapha Nunes escrevesse o seu segundo romance infanto-juvenil, "Mariana", que sai pela editora Inverso.
"Escrever um livro sobre essa tragédia é não esquecê-la, não no sentido de não superá-la, pois a superação de fatos negativos em nossas vidas é fundamental, mas não podemos esquecer o que aconteceu para que não se repita, para que as gerações possam cobrar mais dos responsáveis quanto aos cuidados que precisamos ter em relação ao nosso planeta. Foi algo muito forte e impactante para as pessoas que viram suas vidas transformadas da noite para o dia, e também para o meio ambiente, que levará muitos anos para recuperar tamanho dano. Assim, a ideia é trabalhar um tema importante como esse desde a infância e a adolescência, fases da vida em que estamos em formação", diz a autora.
Dessa forma, criou a história da menina Mariana – sim, a protagonista leva o mesmo nome da cidade devastada pela lama -, que vive em uma pequena cidade de Minas Gerais e passa o dia brincando pelos campos e árvores, em contato constante com a natureza, enquanto sonha em um dia conhecer o mar. No entanto, uma hora a garota precisa deixar a terra onde cresceu e se mudar com seus pais para Mariana, onde, ao tentar reestabelecer o seu próprio mundo, acaba vendo-o mudar radicalmente após o rompimento da barragem da Samarco.
Para compor a obra, Ana Rapha não visitou a cidade histórica mineira, mas apostou em pesquisas e conversas pela internet com pessoas que vivenciaram a catástrofe. "Foram muitos relatos marcantes, carregados de emoção, que me emocionaram e direcionaram ainda mais o rumo de 'Mariana'". E a autora espera que esses sentimentos também toquem seus pequenos leitores. "Desejo que eles se emocionem e reflitam sobre esse acontecimento tão grave para todos nós, mas que percebam isso sem perder a alegria e a esperança em dias melhores".
Antes de "Mariana", Ana Rapha já havia lançado "A Lua Que Eu Te Dei", além de se aventurar por crônicas e contos. Formada em Letras, também dá aulas de Língua Portuguesa. Da sala de aula, aliás, que tira muito do que aplica em seus livros. "Essa vivência há mais de dez anos vem me ajudando muito, pois estou em contato diariamente com o meu público leitor. Ouço as histórias das crianças, vejo seus pensamentos, acompanho seus sonhos e suas emoções, tudo isso é matéria-prima para a construção dos meus personagens e das minhas obras".
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