Historiadora defende que virgindade está recuperando seu “sentido e valor”
"A virgindade feminina se mantém em todas as culturas e aparentemente ainda tem um papel simbólico considerável. É uma dimensão da relação entre os sexos, um componente social. É verdade que as feministas têm toda razão ao denunciá-la como uma invenção, uma fantasia masculina; mas por que os homens sentem necessidade de cismar e fantasiar com tal assunto?".
É o que indaga a historiadora francesa Yvonne Knibiehler, especialista em História das Mulheres, em "História da Virgindade", recém-lançado pela Contexto. Assunto ainda muito discutido – quando uma garota deixa, de fato, de ser virgem? – e frequentemente abordado na mídia, seja quando noticiam famosas que resolvem reconstituir o hímen, seja ao falarem sobre as desejadas virgens que muitos islâmicos esperam encontrar no seu pós-vida, no livro a pesquisadora se debruça sobre como o assunto foi tratado ao longo dos anos.
"Ao frigir dos ovos, a virgindade é um belo exemplo de interação contínua entre natureza e cultura. Distinção social, moral e simbólica de importância maior, ela carregou (e ainda carrega) uma carga afetiva e emocional intensa. É o que testemunha o sentido figurado da palavra 'virgem', surgido no século 16. É o desconhecido, a descoberta: toda 'primeira vez' escancara as portas do imaginário. Terra virgem, floresta virgem, página virgem. Lembremos também a emoção dos artistas: a koré, dos gregos, 'A Primavera', de Botticelli, 'A Fonte', de Ingres. Feminilidade intacta e juvenil, imagem pagã do paraíso", escreve a autora na introdução do livro.
A obra começa com Yvonne voltando à Antiguidade para entender a virgindade sob a ótica dos gregos e dos romanos, passa pela maneira que as religiões monoteístas encaram o assunto, a força que as mulheres virgens ganharam na Idade Média – as famosas donzelas -, explica como a condição começou a ser desmistificada e termina discutindo qual é a importância da virgindade no mundo em que vivemos atualmente.
"Hoje a virgindade está dessacralizada, mas não inativa. Tudo se passa como se as forças de sobrevivência impedissem de eclipsar definitivamente. Trata-se de uma sobrevivência provisória, que se apagará com o tempo, ou, ao contrário, é preciso admitir que a virgindade feminina guarda um significado peculiar, permanente, ligado à diferença dos sexos? Em todo caso, ela parece estar recuperando sentido e valor, e não apenas para pessoas que conservam uma sensibilidade religiosa", analisa, ao cabo, a autora.
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