Escritor paranaense lança cerveja inspirada em próprio livro
Literatura combina com cerveja? Para Marcos Peres, com certeza. Autor de "O Evangelho Segundo Hitler" e do recém-lançado "Que Fim Levou Juliana Klein?", o autor desenvolveu, em parceria com a Cervejaria Araucária, um rótulo da bebida totalmente pensado em seu último título, um romance policial ambientado no Paraná que parte de um conflito entre famílias de pesquisadores com visões diferentes sobre a obra de Nietzsche.
"Eu gosto de uma boa cerveja, da mesma forma que gosto de um bom romance. Livros e cervejas, ao menos para mim, sempre tiveram correlação: estão no mesmo campo de coisas que aprecio, que consumo com regularidade. É bacana também pela identidade visual criada: quem vê a cerveja enxerga Irineu e Juliana, os personagens principais da história. Por este aspecto, a cerveja acaba se tornando uma continuação do livro", explica Marcos.
O escritor conta que a ideia de ter a bebida – uma pale ale, tradicional estilo inglês – que remetesse ao livro surgiu enquanto tomava uma cerveja e revisava os originais de "Que fim levou Juliana Klein?". "Nesse momento, pensei que uma cerveja com o tema do romance poderia ser bacana", lembra.
Entrando na trama do romance, o autor enxerga uma forte relação entre a história e a cerveja. "O livro tem algumas passagens que são ligadas às bebidas alcoólicas. As famílias conflitantes são alemãs e, em determinado ponto, a cerveja vira parâmetro da comparação que um personagem faz do Brasil com a Alemanha. Além disso, Irineu de Freitas não apenas bebe muito, mas toma algumas decisões influenciadas pelo álcool – e isso é um elemento muito importante no decorrer da história".
Voltando à pergunta que abre o post, Marcos vê uma profunda relação entre cerveja artesanal e literatura. "Primeiramente, a boemia e as artes são historicamente ligadas. Muitos escritores foram grandes bebedores de cerveja e tiveram, na bebida, influência para suas criações. De outro lado, acredito que uma cerveja artesanal e um romance possuem objetivos e problemas comuns: a preocupação pela qualidade, a dificuldade de coabitar espaços com grandes comerciantes (grandes cervejarias ou best-sellers), o fazer algo pelo ideal, mesmo sabendo que o retorno será pequeno. Fazer uma boa cerveja é como tentar ser romancista no Brasil: é uma luta. Uma boa luta".
O autor ainda não sabe exatamente como a cerveja com o rótulo inspirado em seu romance será distribuída, mas acredita que poderá ser encontrada na própria cervejaria e em alguns bares de Maringá, cidade onde vive. Além disso, deseja fazer em algumas livrarias promoções do tipo "compre a cerveja e ganhe o livro", mas ainda não tem nada acertado.
No meio artesanal são muitos os exemplos de cervejas inspiradas na literatura. Veja alguns:
Ainda sobre Marcos Peres, aqui estão os links para o que eu já escrevi a respeito de "O Evangelho Segundo Hitler" e de "Que Fim Levou Juliana Klein?".
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