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Escritor pouco conhecido no Brasil, Edyr Augusto ganha espaço na França

Rodrigo Casarin

29/04/2015 11h10

Edyr

Pouco conhecido no Brasil, o escritor paraense Edyr Augusto vem chamando bastante atenção na França. Ganhou espaço em jornais importantes, como o "Le Figaro", já recebeu diversas resenhas elogiosas, foi apontado como um dos autores de literatura policial mais importantes de 2013 e 2014 por veículos especializados, como o jornal "Nice-Matin", e considerado um dos "seis autores brasileiros incontornáveis", ao lado de Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Milton Hatoum e Luiz Ruffato, pelo jornal "20 Minutes".

Edyr se diz surpreso e honrado por ter sido colocado ao lado de tais nomes. Sobre a recepção que vem tendo, acredita ser consequência das traduções feitas por Diniz Galhos e do trabalho de sua editora francesa, a Asphalte. Ainda ajudam "o interesse crescente pela literatura brasileira e, no meu caso, um novo cenário, pois todos os meus romances acontecem em Belém do Pará. Meu tipo de escrita, com frases curtas, tensas e pouco floreio também facilita a tradução", afirma.

Publicado no Brasil pela Boitempo, os livros de Edyr trazem narrativas policiais que se passam no cenário urbano. Na França, estreou em 2013 com a tradução de "Os Éguas" – que lá recebeu o título de "Belém" –, apontado como uma das cinco melhores leituras do ano pelo "Nice-Matin". Em 2014 foi a vez de "Moscow" ganhar versão para o francês e ser definido como "a 'Laranja Mecânica' dos brasileiros", em alusão à obra de Anthony Burgess. Neste ano, "Casa de Caba" foi vertido para a língua de Proust.

Com isso, presença em eventos franceses se tornaram constantes, seja para palestras, debates ou lançamentos de livros. Em março deste ano, recebeu o prêmio literário Chameleon, da Université Jean Moulin, por "Belém", considerado o melhor romance brasileiro contemporâneo traduzido para o francês, superando obras de Milton Hatoum, Adriana Lisboa e Frei Betto.

Apesar disso tudo, o número de vendas não é nada de outro mundo. Somados, os dois primeiros romances de Edyr publicados na França venderam pouco mais de três mil exemplares em aproximadamente um ano. Os mesmos títulos já venderam cerca de 7500 unidades no Brasil, sendo que, aqui, "Os Éguas" foi publicado em 1998 e "Moscow", em 2001.

"Moro longe, distante. Tenho dificuldade em encontrar com meus pares, participar de discussões, mesas. Luto para superar essa distância", diz Edyr, que também é jornalista, radialista e redator publicitário, ao procurar razões para que seu nome não seja conhecido em seu país da maneira que parece começar a ser em terras francesas.

Uma curiosidade: para os lançamentos de seus livros na França, a editora sugeriu que o autor propusesse trilhas sonoras para acompanhar as leituras. Com isso, Edyr selecionou músicas de nomes como Gaby Amarantos e Fafá de Belém. Confira aqui a playlist para o lançamento de "Belém" e aqui a do lançamento de "Moscow".

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.