Fernando Morais chama caubóis de genocidas e exalta poder cultural em Paris
Destaque da mesa que falou sobre a internacionalização da literatura nacional no Salão do Livro de Paris, o escritor Fernando Morais defendeu que "não há instrumento mais poderoso para transportar um país ao exterior do que a cultura".
Para fortalecer seu ponto de vista, o autor de livros como "Olga" e "O Último Soldado da Guerra Fria" recorreu à forma que os Estados Unidos se valem do cinema. "Eles transformaram caubóis, que eram genocidas, em heróis", disse antes de fazer a ressalva que homens como John Wayne, ícone dos aniquiladores dos índios norte-americanos, representam apenas uma faceta interna – a maior delas, provavelmente – dos genocídios promovidos pelo país. "Externamente eles continuam matando. O alvo agora são os islamitas".
Apoiando-se em mais um exemplo, Morais falou que o filme "Sniper Americano", adaptado do livro homônimo, é a "sacralização do assassinato, da brutalidade dos Estados Unidos". Depois, voltou a falar sobre a força da cultura para que uma nação exerça seu poder e influência sem que para tal haja a necessidade de pressões financeiras ou da violência.
Ainda participaram da conversa Felipe Lindoso, consultor de políticas públicas para o livro e leitura, Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, e Jeferson Assunção, do Ministério da Cultura, que falaram bastante sobre as ações públicas para a promoção da literatura brasileira no exterior. Dentre essas iniciativas está a revista Machado de Assis, da Biblioteca Nacional, que, em Paris, lança o seu sexto número, com traduções de escritores brasileiros para o inglês, espanhol e, claro, o francês. Lindoso ressaltou que, desde que foi criada e disponibilizada na internet, as edições da Machado de Assis já tiveram cerca de 800 mil acessos únicos em todo o mundo, além de mais de 50 mil downloads.
Em Paris, para a cobertura do Salão do Livro, Rodrigo Casarin está hospedado a convite da rede Accor.
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